AC/DC
Durante mais de 25 anos, estes australianos seguiram uma fórmula elementar que não mudou nada desde os seus primeiros anos lutando no âmbito difícil do seu país. É por isso que os adoramos tanto.
Felizmente, ao não serem afectados por tendências musicais ou movimentos sociais, estes trabalhadores de classe média sempre se mantiveram fiéis ao seu estilo, conseguindo assim hinos intencionais e contagiantes à libertinagem. Com uma refrescante falta de pretensão, sofisticação ou análise intelectual, os AC /DC nunca deixaram que pequenas coisas como a crítica, o tempo e mesma a morte os desviassem
da sua missão santa.
Uma pessoa qualquer pode comprar um álbum dos AC /DC e ficar com uma ideia bastante clara do que está a comprar: uma mistura rouca que atordoa os ouvidos como nos tempos de outrora, letras com duas introduções: guitarras triunfais e trash( cortesia dos irmãos lenhadores Angus e Malcolm Young) e vozes aguerridas e ásperas( primeiro com o já falecido Bon Scott e depois com Brian Johnson). E também com
a presença singular do pequeno, ocioso e com "andar de pato" guitarrista principal
Angus Young que está sempre com o seu uniforme tradicional de colégio privado
que o tornou famoso. Aqui tens a fórmula duradoura para criar parte do melhor rock n`roll que jamais se fez.
Pelo caminho, a banda por vezes ganhou algum respeito por parte dos críticos de rock assim como de uma geração de praticantes de rock alternativo que admiravam a integridade do som pesado e rápido do AC /DC. As obras referidas como "Let there Be Rock", "You Shook me All Night Long", "Rock n`Roll Damnation", "Dirty Deeds Done Dirt Cheap" e a mal compreendida "Highway to Hell" promovem a conhecida mas errada imagem do grupo como sendo uma banda de heavy-metal( sempre foram demasiado melódicos para serem classificados de rock) e classificam alguns hinos de rock mais memoráveis e menos pretensiosos.
Angus e Malcolm cresceram a ver o seu irmão mais velho George Young ganhar popularidade no mundo da pop enquanto membro do grupo "Easybeats", a primeira banda originária da Austrália que se tornou famosa nos anos 60, conseguindo uma série de êxitos aquando de uma histeria generalizada com os Beatles entre a geração adolescente. Após separação da banda, George e o seu colega Harry Vanda começaram a trabalhar como compositores e produtores para a influente empresa e produtora discográfica "Albert Productions" que foi onde ajudaram Angus e Malcolm a criar a nova combinação.
Aí, os AC /DC também tinham o cantor cheio de tatuagens Bon Scott, que tinha um "uivo" rouco, letras distintas e bastantes excessos pessoais que imediatamente fizeram dele um ícone. Scott era mais velho que Angus e Malcolm e tinha mais experiência profissional, fazendo parte das digressões e sessões de gravação do grupo adolescente pop "The Valentines" e do grupo country "Fraternity". Mas nenhumas dessas colaborações indicaram o lugar significativo que Scott teria como líder convicto
dos AC /DC.
Por muito raro que fosse um grupo australiano ter sucesso comercial fora do seu próprio mercado, AC /DC pôs a fasquia muito alta desde o começo, até à sua mudança para Londres por um tempo para ter mais acesso às críticas do lado oeste(Estados Unidos).
Mas foi só com o quarto álbum, "Let There Be Rock" de 1977 que os AC /DC entraran
no mercado norte-americano, em grande parte graças às suas exibições apaixonantes ao vivo. No ano seguinte "Powerage"expandiu ainda mais a influência da banda. Nesse mesmo ano, lançaram um álbum ao vivo "If You Want Blood, You`ve got it" com a capa memorável de um Angus sangrento cravado com a sua própria guitarra
Mas foi com "Highway to Hell" em 1979, onde o produtor Robert John "Mutt" Lange mudou a equipa Harry Vanda/ George Young sem destruir a agressividade da banda,
que a banda teve maior êxito comercial. O álbum demonstrava a ampla personalidade da banda e acrescentou significativamente o seu público mas a euforia acabou por ser curta.
O espírito livre do constantemente embriagado Bon Scott morreu tragicamente a 20 de Fevereiro de 1980 num acidente relacionado com o seu consumo de álcool. As circunstâncias da sua morte foram consistentes com a vida despreocupada que o estabeleceu como uma lenda. AC /DC surpreendeu as expectativas da indústria ao regressar definitivamente de Inglaterra com Brian Johnston, ocupando o espaço deixado
por Bon Scott, começando com o álbum "Back in Black" em 1979. A canção do tema da capa foi um tributo a Scott e o álbum foi o mais vendido na história da banda. O seguinte lançamento "For Those About to Rock, We Salute You" ainda lhes deu mais sucesso.
Desde essa altura, os AC/ DC têm constantemente lançado álbuns e mantiveram um público fiel com álbuns como "Flick the Switch", "Fly on the Wall", "Blow Up Your Video", "The Razor`s Edge", AC/ DC Live" e o produzido por Rick Rubin "Ballbreaker, todos esses a manter um som e atitude conhecido e consistente. Este último álbum mencionado marcou o regresso do baterista Phil Rudd que se juntou ao baixista Cliff Williams para reconstruir um ritmo implacável que fez parte na maioria dos trabalhos da banda.
Em 1986, o conhecido autor e fanático dos AC /DC Stephen King usou o som da banda
para a sua estreia cinematográfica em "Maximum Overdrive", o qual estava acompanhado pelo álbum dos melhores êxitos "Who Made Who" como banda sonora do filme. Em 1997, a empresa discográfica lançou "Bonfire", uma colectânea de material em tributo a Scott.
Pelo caminho, a banda também criou controvérsia e histeria entre os seus seguidores que, durante anos insistiram veementemente que o nome da banda referia-se
à bissexualidade( na verdade, Angus tirou o nome do aspirador da mãe) ou à abreviação
"Anti-Christ Devil`s Children"(Os Rapazes Anticristo do Diabo) (quem lhes prestasse atenção sabia que estes rapazes nunca se metiam em coisas relacionadas com o Diabo).
O quinteto entrou no novo milénio com a ajuda do seu irmão George Young para produzir o álbum "Stiff Upper Lip"em 2000 que demonstra que os truques conhecidos
dos AC /DC ainda estão ilesos e emocionantes como sempre.